Pardon, je ne parle pas français

Não imaginei que a despedida de Londres fosse doer tanto... As costas. Não dá nem para olhar pra trás, com risco de me desequilibrar e cair como uma tartaruga com o casco virado. Eu precisei de uma hora e meia para decidir como eu faria o que precisava ser feito, que era incinerar aquele peso morto azul e preto, opa, que era escolher qual passe compraria e quais linhas precisaria pegar para chegar ao hostel, digo, ao canto que fosse para largar as tralhas.  

muito rápido, mesmo que eu ainda tenha perdido outra hora por causa do fuso

"não, aquela mochila de novo?!"

Durante esse período de "meditação", olhando para os lados e pescando uma conversa e outra, lembrei que eu não falo francês. É... Agora o bicho vai pegar!  Agora é a hora de pôr em prática todo o meu conhecimento das duas únicas línguas universais que todos aprendemos desde o berço. A linguagem dos sinais vem primeiro. Não conhece? É só fazer com a mão uma ponta - dica: uma lança demonstra muito mais confiança - e apontar. Essa serve para 90% das ocasiões em qualquer cidade do mundo. O restante é atendido pela segunda língua, a do desespero. A famosa "te vira!". O instinto de sobrevivência vai fazer o alarme disparar que nem louco! No final, tudo dará certo. Usei a primeira para escolher a minha primeira refeição aqui, uma baguete, mas a segunda foi de extrema importância para que não fosse com maionese - até agora ainda estou achando que eu entendi a palavra "maionese". Mesmo assim, ainda agradeço aos dois módulos que fiz na Aliança Francesa, acredito que ao menos quando falo falo pardon, je ne parle pas français todos entendem (e o reforço de bonjour, merci, excuzez-moi está se pagando agora).

uma imagem ainda vale mil palavras em qualquer idioma

Se eu desaparecer por um tempo será porque eu não entendi nada. Lost in Translation... Bom filme. Assistam! Será que o que a Scarlett Johansson sussurou para o Bill Murray não foi em francês, motivo pelo qual até hoje não sabemos o que foi?

À bientôt!